Durante a 8ª edição da Energy Transition Research & Innovation Conference (ETRI), realizada pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa da USP (RCGI-USP), a convergência entre mobilidade e energia ganhou destaque. A Hyundai apresentou sua visão integrada para acelerar a transição energética, com foco no hidrogênio como combustível do futuro e no Brasil como parceiro estratégico.
Visão da Hyundai na ETRI para o futuro do hidrogênio
O vice-presidente e diretor de Operações da Hyundai para as Américas Central e do Sul, Marcos Oliveira, expôs na ETRI a atuação da empresa em toda a cadeia de valor do hidrogênio. Desde a produção até o uso em veículos, trens e sistemas de geração elétrica. A montadora coreana aposta no hidrogênio para consolidar uma nova fase da transição energética. Oliveira destacou a parceria com o RCGI na produção de hidrogênio a partir do etanol, ressaltando os testes realizados na planta piloto do centro.
“O hidrogênio é uma prioridade estratégica para a Hyundai. Apesar dos desafios, acreditamos que seu avanço é inevitável. Essa parceria com o RCGI gera conhecimento e fortalece parcerias para acelerar essa transformação”, afirmou o executivo durante a conferência ETRI.
Projetos globais da Hyundai e o papel do Brasil na ETRI
A Hyundai já comercializou mais de 40 mil veículos movidos a célula de combustível no mundo e lidera projetos comerciais nos Estados Unidos e Uruguai. Nos EUA, a empresa desenvolve um projeto de descarbonização de portos, utilizando o ecossistema de hidrogênio para geração de energia, abastecimento e operação de caminhões autônomos. No Uruguai, caminhões movidos a hidrogênio atenderão o setor madeireiro a partir de 2026.
Oliveira explicou que o método tradicional de produção de hidrogênio por eletrólise da água exige grande energia elétrica. O que demanda geração por painéis solares e armazenamento. Nesse contexto, o etanol se destaca no Brasil por sua ampla distribuição, facilitando a logística e reduzindo custos. O hidrogênio produzido a partir do etanol apresenta versatilidade para diversas aplicações, reforçando o potencial brasileiro na transição energética discutida na ETRI.
Inovação e pesquisa em hidrogênio no contexto da ETRI
Além da parceria com o RCGI, a Hyundai mantém três plantas industriais que produzem hidrogênio a partir de resíduos orgânicos, duas na Coreia e uma em construção na Indonésia. Centros de pesquisa e inovação da empresa atuam na Coreia, Estados Unidos, Índia e Singapura. Onde uma fábrica conceito vertical dedica-se à eletrificação e ao hidrogênio.
No Brasil, a Hyundai participou de 35 projetos de inovação no último ano, apoiados por políticas públicas como o programa Mover, focados na descarbonização e mobilidade sustentável. Essa atuação reforça o papel do país como aliado estratégico na agenda da ETRI para acelerar a transição energética.
O papel do RCGI no evento e na pesquisa em gases de efeito estufa
O Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa da USP (RCGI) atua desde 2015 com financiamento da FAPESP e empresas do setor de petróleo e gás. O centro mantém cerca de 60 projetos ativos, distribuídos em oito programas que abrangem soluções baseadas na natureza, captura e utilização de carbono, bioenergia, gases de efeito estufa, regulamentação, inovação em sistemas de energia, descarbonização e colaborações internacionais.
O RCGI também opera o hub Geostorage, dedicado ao armazenamento em larga escala de energia e CO2. Com aproximadamente 800 pesquisadores, o centro mantém parcerias com instituições renomadas como Oxford, Imperial College, Princeton e o National Renewable Energy Laboratory (NREL). Essa estrutura fortalece a relevância do RCGI na ETRI e na transição energética global.
Conclusão: evento como palco da integração entre mobilidade, energia e inovação
A ETRI 2025 destacou a importância da integração entre mobilidade e energia para a transição energética. A Hyundai, por meio de sua parceria com o RCGI e seus projetos globais, reforçou o papel do hidrogênio como combustível do futuro. O Brasil surge como um aliado estratégico, especialmente pela logística favorável do etanol para produção de hidrogênio.
A conferência evidenciou que a ETRI funciona como um espaço fundamental para o compartilhamento de conhecimento, fortalecimento de parcerias e aceleração da inovação. Assim, a mobilidade sustentável e a geração de energia limpa avançam com o apoio de iniciativas como as apresentadas pela Hyundai e o RCGI, consolidando o Brasil no cenário global da transição energética.